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Nossas paixões ou nossas ações nos definem?

N

De maneira geral há dois tipos de pessoas: aquelas que se definem pelo que fazem (por suas ações) e as que se definem pelos que sentem, por suas paixões (independente do que façam). Há pessoas que se consideram corajosas porque agiram com coragem em muitas circunstâncias da vida e pensam que por isso a coragem é uma marca característica de suas ações. Outras, no entanto, pensam que uma pessoa...

Autoridade e conhecimento na sociedade digital

A

Não é possível saber tudo — mas é possível escolher boas autoridades. Quero dizer, a menos que você fale sobre poucos e restritos domínios, você não pode oferecer razões para todas as conclusões que você extrai, avaliando informações e verdades em distintos campos de saber. (Colocando de outro modo: você não tem como oferecer aquilo que se aceita como garantido para passar das premissas às...

Mr Robot: entre a realidade e a loucura

M

O texto contém comentários sobre cenas da série. Em muitas situações Elliott se viu aterrorizado por uma pergunta: “eu sou louco?”. Ter sólidas razões para acreditar que não é capaz de distinguir entre o que é real e o que é ilusório provoca um sentimento ambíguo. Por um lado, ainda continuamos capazes de reconhecer a incompatibilidade entre as nossas crenças e nossas atitudes. Por exemplo...

Golpe: modos de usar

G

É possível usar múltiplos e incompatíveis critérios para definir um golpe. Eu entendo e concordo que a expressão se transformou numa arma de agenciamento irrefletido, feita pra mobilizar afetos sem provocar nenhuma meditação sobre a enorme responsabilidade do próprio PT em toda essa novela. Entendo e concordo que há um zilhão de especialista que estão de acordo sobre o fato de que para definir um...

Os paradoxos da autonomia em nossas sociedades

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Nós nascemos autônomos ou nós tornamos autônomos? É possível que alguém seja autônomo e aja por influência de forças exteriores? A autonomia então diz respeito a ações e não há estados ou disposições? Em nossas sociedades é perfeitamente aceitável que estejamos expostos ao agenciamento do desejo pela publicidade (consumir ou não é nossa escolha), mas não somos livres para casarmos com quem...

Viagens de ônibus e banhos de mar

V

É lugar-comum dizer que os europeus experimentam o clima e a natureza de uma maneira muito particular. E é natural que seja assim. Quando o sol sai, eles se esticam em qualquer lugar por onde se estendam seus raios e é verdadeiramente uma benção. Pensando nisso, esses dias lembrei o quanto nós mesmos às vezes não damos conta da nossa relação com o mundo natural. (Pra não deixar de falar de...

Duas maneiras de ver Birth

D

Recomendo que vocês o assistam antes de ler o texto, pois o filme está descrito quase integralmente na postagem. Birth (traduzido no Brasil como “Reencarnação”) foi dirigido por Jonathan Glazer, diretor de Under the Skin e de Sexy beast, filme que muita gente tem em alta conta. O filme me encantou porque apresenta uma clara tensão filosófica. Bem, se não filosófica, ao menos algo que...

O louco fala sozinho

O

Li espantado o que Maria Rita Kehl chama de reconhecimento da lei. O reconhecimento de que há um limite para o gozo. Segundo ela, em todas as sociedades humanas essa renúncia toma a forma da interdição do incesto. Não sei como é possível aferir essa constatação, no mínimo, curiosa. Nem de onde vem a legitimidade dessa lei não codificada — dos próprios costumes? mas tantos costumes cairam pelo...

A cultura da influência

A

O post também poderia se chamar o paradoxo dos especialistas. Em filosofia, os especialistas, pesquisadores especializados em autores e/ou temas em certos autores, são muito importantes. Eles acabam estabelecendo leituras, quase como doutrinas ou jurisprudências. E naturalmente o recurso à leitura de especialistas acaba virando um aspecto importante da própria pesquisa acadêmica. Quando o recurso...

Intimidação, democracia e argumentação

I

Democracia exige pluralidade de ideias. Exige argumento, exige debate, mas exige sobretudo vontade — algo que, na sua melhor expressão, produz generosidade (como nos lembrava Nietzsche). Exige não apenas produção, mas também circulação de ideias. Portanto, nada mais danoso à democracia do que a intimidação. Aliás, esse é o sentido da ideia e da luta pela liberdade de expressão. Que ela tenha um...

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