Tudo podemos vender pros outros. Vendemos nossas relações mais íntimas, nosso amor, os livros e as coisas que a gente lê, aquilo que ouvimos, o que vemos no cinema, o que cozinhamos e aquilo que consumimos em restaurantes, tudo pode ser publicizado, pode ser transformado em capital simbólico por meio de uma exposição publicada em qualquer rede social. Não é preciso ter milhões de seguidores para...
Vender pros outros?
HTML5 e o retorno da oralidade
Antes da internet é quase impossível identificar algo que tenha modificado a história humana tão rápida e profundamente. Pouco mais de 30 anos se passaram como se tivesse passado 300. E dentro dessa curta história há ainda outro ponto de virada tão decisivo quanto o nascimento da própria internet. A internet nasce quando Tim Berners-Lee cria o protocolo do hipertexto, o HTTP, e o primeiro...
Amar não é um produto
Amar é aprender a ser ridículo, a fazer e dizer bobagens, a se ferir por gostar dos outros sem querer, tudo sem se ressentir dos resultados, e a razão disso Jorges Luis Borges conhecia, “la verdad es que nadie puede herirnos salvo la gente que queremos“. O amor não é um conto de fadas, é o contato imediato com o Real, com o verdadeiro, com o não fingido e o não encenado; é o melhor e...
Frágil como uma bomba
Terrorismo e história É revoltante testemunhar o genocídio do povo palestino transmitido ao vivo, online a cada minuto. Mas o que fazer? Como evitar o terrorismo? Porque o terrorismo é profundamente indesejável, mas absolutamente compreensível. Às vezes tenho vontade de amarrar uma bomba no corpo e ir para a fronteira de Israel com a Palestina, apenas com a missão de matar o maior número possível...
O que é a psicologia androide?
Pra muita gente lógica e psicologia ainda são coisas completamente distintas. Pra essas pessoas a psicologia não pode se misturar à lógica, para que esta não perca a sua força, a dureza da necessidade lógica: que garante a determinação e abole da lógica a vagueza comum ao campo epistêmico. Wittgenstein fala da “Die Härte des logischen Muß“, a dureza do dever lógico. A lógica compele...
O monstro que somos
Às vezes eu fico besta ao constatar o quanto eu sou cruel comigo mesmo, o quanto eu sei exatamente o que dizer para fazer mal a mim mesmo. Eu me julgo e me critico como ninguém. E constatando como eu sou cruel comigo mesmo, eu não posso dizer que esse outro dentro de mim é verdadeiramente um Outro, que é um demônio ou coisa parecida. Não posso dizer que eu sou a parte boazinha, e que a parte...
A vergonha e o orgulho de ser anarquista
Sou um anarquista ignorante e envergonhado. Ignorante porque não li absolutamente nada, não li Proudhon, Bakunin, li parcialmente Kropotkin. Sou anarquista em razão especialmente de Carlos Taibo, do seu pensamento e da sua ação a respeito do decrescimento econômico. De Carlos Taibo para David Graeber e outros perigosos anarquistas foi um pulo. Sou um anarquista envergonhado porque, apesar dessas...
Uma sociedade de professores
A importância da pedagogia para uma inteligência coletiva Eu tenho formação para ser professor, em certo sentido esse era o futuro que eu esperava (ou sobre o qual não pensava, melhor dizendo), mas eu sou um professor terrível. E saber ensinar é a maior das dádivas e uma competência difícil de cultivar. Eu sofro do mal de quase todo o sujeito envolvido com IT, eu acho que sei explicar tudo que eu...
A filosofia não é uma ciência, entenda de uma vez!
Vou falar sobre uma queixa antiga, porque é sempre um bom momento para fazer uma queixa. Para as pessoas que fazem pesquisa científica em filosofia é quase inevitável se sentir um impostor, um mau pesquisador, se você não tem vontade de participar de debates acadêmicos. E assim eu me sentia no doutorado. — “Como você sabe se tem alguma coisa nova a dizer se você não leu o que os outros...
Tornar-se um ser digital
Anotações sobre a Crítica da razão pura, de Kant Quando eu comecei a escrever a minha tese de doutorado , em 2013, eu ainda não tinha feito uma completa transição digital, ainda escrevia apontamentos e anotações a mão em cadernos de papel, apesar de ter escrito a tese inteira no computador. Aí acima estão as minhas anotações digitalizadas da leitura da Crítica da razão pura, de Immanuel Kant...