A ficção científica é um tipo de ficção que se desenvolve tendo como base alguma ideia da ciência, mesmo de modo remoto e inapropriado. Por exemplo, Interestellar explora a plasticidade da ideia de dimensões na física e a relatividade do tempo. Eu tenho a impressão que boa parte dos cientistas não gosta dessas apropriações ficcionais, porque não concorda com a interpretação que se faz de suas...
Quem não gostaria de ter um super-poder?
Parada Gay: um poderoso símbolo da sexualidade masculina
Todo homem deveria agradecer por ser homem, ou seja, por não ser mulher, ser homem é um privilégio e não são poucas as vantagens. O que talvez surpreenda um ou outro é que a Parada Gay seja um dos melhores lugares para constatar os privilégios masculinos, além de ser um símbolo do masculino muito mais forte do que aqueles ostentados por nerds vestidos de guerreiros ou com fantasias medievais. Nas...
A irredutibilidade do valor ao fato
O conhecimento verdadeiro ignora os valores, mas, para fundá-lo, é preciso um julgamento, ou melhor, um axioma de valor. Jacques Monod, O acaso e a necessidade Um dos legados mais impactantes do pensamento de Wittgenstein é sem dúvida a distinção entre fato e valor, ou melhor, a irredutibilidade do valor ao fato. É certo que o pensamento de Wittgenstein muda e que, no segundo Wittgenstein, os...
Um pirata no Spotify
Eu fico feliz de ter registrado aqui parte da história da internet, das suas muitas histórias, ou dessa história sem fim em que nos metemos recentemente. Em 2008 eu escrevi A birra dos maus perdedores, sobre como as decisões da indústria de perseguir piratas e tecnologias de compartilhamento indicavam estreiteza e falta de visão sobre a dinâmica da internet: A indústria fonográfica ainda não...
O outro eu que eu tenho sempre próximo
O Livro do Desassossego é desconcertante, os temas passeiam nele amarrados por um elo quase invisível. E as coisas que surgem assim, quase ex nihil, são frequentemente focos de reflexões profundas que, hoje em dia, poderiam alimentar teses e mais teses de doutorado. Tudo está ali apresentado como coisa aparentemente casual, amealhada distraidamente. Vejam esse parágrafo onde Bernardo Soares...
A verdade não importa! Sexo e post-truth
A lição mais direta, incontornável e desconcertante que o sexo nos dá é: a verdade não importa! É uma lição que aponta para um comentário igualmente embaraçoso de Zizek: fazer sexo é masturbar-se com o corpo dos outros. Os homens não se importam que as mulheres finjam ter prazer, contanto que eles não saibam. Bem, tampouco é como se os homens fossem especialistas em identificar autenticidade e...
Por que bons argumentos não importam?
Por que as pessoas não mudam de opinião mesmo quando ouvem bons argumentos e/ou fatos que contrariam suas crenças? Bem, primeiro, porque fatos importam muito menos do que creem os cientistas (e os realistas em geral). Mas o mais importante é: porque a psicologia é o centro da vida simbólica humana, não a lógica. E a vontade é o único fator que determina o colapso ou a manutenção de sistemas de...
As ideias fora do lugar v2.0
O que significa conceber a contribuição do povo brasileiro (ou de qualquer povo subalterno e colonizado) para política no mundo, para uma cosmopolítica? Não podemos conceber nada, nossa imaginação parece estéril, afinal estamos muito longe — como sociedade e como estado — da invejável Alemanha, por exemplo. Não há saltos na escala do progresso, a China sabe bem disso. Só abandonando a ideia de...
Pior do que o medo
Quando não sentimos que podemos forjar nossas próprias ferramentas simbólicas para lidar com o mundo sem nos sentir sozinhos (ou loucos), sem nos afastar dos outros, nós nos apegamos às tradições e ao conservadorismo, nos apegamos às regras e ao modo de lidar com o mundo que recebemos quando somos crianças, sem questioná-los. (Nos transformamos em defensores da estabilidade.) Não questionamos...
Escrever e falar
Escrever e falar são habilidades distintas, com diferentes pesos na cultura. A escrita tem o peso de uma técnica, é uma aquisição de segunda ordem e exige dedicação não apenas ao próprio exercício de escrever, mas também ao ato de leitura. A leitura não é uma atividade no mesmo sentido em que dizemos que a escrita é uma atividade, a leitura é mais passiva, menos criativa. Você pode entendê-la...