Eu e o cinema nos reconciliamos. Por causas desconhecidas eu andei algum tempo sem poder assistir filmes. Simplesmente não conseguia. Talvez vocês saibam que tenho uma categoria sobre cinema aqui no blog e já confessei que filmes me ajudam quando é preciso falar de filosofia. Hoje eu quero comentar uma espécie de documentário, um curta. Nem mesmo sei se deveria denominá-lo cinema, pois eu o...
O gol de Neymar
Quem acompanha jogo pela internet não pode se dar ao luxo de escolher o idioma da locução. Calhou de, dessa vez, ser o inglês britânico. Já era o segundo tempo do jogo do Barcelona com o Villareal. Tuitei sobre como me parecia evidente que ele havia amadurecido. Eu já havia sentido antes, mas agora ficou claro depois de ele ser botinado duas vezes, ter caído, levantado para em seguida ser...
Por que a indepedência catalã inspira medo?
Pensando sobre minha completa incapacidade e incompetência para avaliar o tema, consegui exprimir ao menos minha dificuldade conceitual em relação a toda a trama. A dificuldade dessa questão me parece apenas uma e pode ser formulada assim: quando é que a gente deve permitir que uma diferença sentida se transforme numa diferença, por assim dizer, institucional? Sempre? Quando devemos aceitar que a...
Denunciando intenções
O nascimento da razão Quando estão discutindo ou conversando as pessoas tendem a identificar intenções e a usá-las como parte de seu próprio discurso. Por exemplo, a intenção de quem escreve um texto pode ser mobilizada contra o autor. Wittgenstein disse coisas curiosas sobre intenção, dentre elas, que um gato espreitando um pássaro é a expressão natural de intenção. A intenção pode até mesmo ter...
Simplificação, a estratégia de argumentação mais usada
Há tempos eu defendo a tese de que a simplificação é a estratégia argumentativa mais utilizada. E isso por uma razão simples: lidamos sempre com aquilo que entendemos! Mas se não entendemos suficientemente um tema, de maneira geral estamos inclinamos a dois modos de agir, (1) podemos buscar conhecê-lo mais, complexificando nossa visão, o que implica uma postura ativa frente à questão, (2) ou...
Universalidade, democracia e ciência
A única diferença entre o impulso invasivo que levou os EUA a impor a democracia a alguns paises bárbaros e o que há de invasivo na afirmação de que a ciência é universal, é que, nesta última, há uma verdade de fundo que abona as ações da ciência aos olhos dos seus expectadores. De resto, pretender que a ciência seja universal é não ter entendido que a aplicação das leis científicas pode não ter...
Uma pergunta conveniente
Nas aulas sobre Hume ou Aristóteles, por razões distintas eu perguntava aos meus alunos se eles já tiveram a oportunidade de ver um elefante amarrado a uma estaca. Em seguida passava a explicar o fato que, se não é verdadeiro, é muito verossímil. Contava então que o elefante quando pequeno era amarrado a uma árvore forte e passava sua juventude tentando inutilmente escapar à corda. Quando maior...
O mito da realidade fática (ou do fenômeno natural)
No bom texto em que explica a constitucionalidade da decisão do CNJ sobre o casamento igualitário, Pádua Fernandes apresenta também um argumento costumeiramente empregado para justificar o congelamento do conceito de família: […] a família é um fenômeno essencialmente natural – sociológico, cujas origens antecedem o próprio Estado. É dizer: família é uma instituição pré-jurídica...
O nascimento do “normal”
Li há poucos dias a polêmica entre o ator Alexandre Nero e uma das suas seguidoras no Instagram. A garota escreveu o seguinte: Quero ver quando você estiver com teus filhos em um restaurante e tiver 2 gays se beijando.. Alias, todas as pessoas que pregam a favor disso! Vc vai conseguir aceitar e explicar aos teus filhos o quão normal isso eh? De verdade? Sem hipocrisia! O conceito de normal é o...
Subjetivo, objetivo e o relativismo
As noções de subjetivo e objetivo fazem parte do nosso cotidiano. No entanto, uma forte carga filosófica com frequência as vincula a compromissos teóricos e consequências mais amplas do que aparentam. Em geral empregamos a palavra subjetivo para designar as coisas que dizemos dependentes de fatores privados, internos, pessoais. Ou seja, subjetivo é algo que depende de nós. Por sua vez, objetivo...