Spoilers de First Reform (No coração da escuridão, tradução portuguesa) Uma das cenas chave de First Reform é quando o pastor vai (orientar || aconselhar || conversar com) o ambientalista que não concorda com sua esposa, que está grávida, sobre ter um filho. Essa cena é importante não apenas porque ao final o pastor lembra-o de que o corpo que carrega a criança é de sua esposa e que a decisão...
O compromisso com a vida
Variedades do poder: desejo de influenciar
Nos cadernos de Wittgenstein há essa anotação: Eu só posso me tornar independente do mundo — e em certo sentido dominá-lo — renunciando a qualquer influência sobre os acontecimentos. / O mundo é independente da minha vontade. Poder e influência — duas palavras que andam juntas. No entanto, não é disso que Wittgenstein está falando. O que ele insinua em sua nota é o desejo de controle sobre os...
Medo, pobreza e violência: receita de escravidão
Oh Sunday, Monday, autumn pass by meAnd people hurry on so peacefullyA group approaches a policemanHe seems so pleased to please themIt’s good at least to live and I agreeHe seems so pleased at leastAnd it’s so good to live in peace andSunday, Monday, years and I agree A falta dessa paz que Caetano canta tem nos escravizado, tem nos mantido reféns dos restauradores da ordem. Eu sempre...
Mate todos os Outros
O último episódio de Electric Dreams é sublime e tristemente apropriado à circunstância em que nos encontramos no Brasil. É uma boa mostra do quanto a arte pode nos ensinar. O episódio também tem lugar durante uma eleição, a eleição do presidente do MEXUSCAN, um país fictício que engloba o território dos três países do norte num só. O cenário é futurista, como em todos os episódios da série. Vera...
A música e a raça humana
<fictional_mode> Se eu fosse abduzido por extraterrestres e eles me perguntassem por aquilo que me dá orgulho em minha raça, a raça humana, eu diria sem pestanejar: a música — nunca a ciência! Não é porque me falte estima pela ciência. É que a música tem uma universalidade que a ciência nunca terá. </fictional_mode> Eu gosto desses vídeos que registram a reação dos animais à música...
Fingir
Duas coisas são especialmente difíceis de aprender (de saber imitar): fingir e tocar. Isto é, saber fingir e saber tocar. Porque saber essas coisas exige prática e sensibilidade. Em certa medida a função essencial da atriz, do ator, é fingir. Fingir até que sua atuação, seu fingimento, seja real. Seja real, não pareça. Aqui, a fronteira que separa o aparente do real, ou a fantasia do real, não...
Somos e não somos dados
Nem toda contradição fracassa ao tentar dizer algo com sentido. Em realidade, há sentidos que só se mostram por meio de contradições. Um exemplo pra ilustrar o que eu quero dizer. Informações da minha própria máquina e suas configurações registradas nas estatísticas do blog Somos dados porque nos tornamos commodities negociadas num mercado subterrâneo desconhecido pela maior parte das pessoas. De...
Westworld: identidade e fidelidade
Luciana Coelho publicou uma resenha sobre a segunda temporada de Westworld e me deu vontade de fazer o mesmo. Luciana é a única pessoa que eu leio, e em quem confio, escrevendo sobre séries (salvo a opinião dos amigos, claro). Não preciso dizer que tenham cuidado com os spoilers. Gostei muito da primeira temporada de Westworld, escrevi sobre algumas das ideias que me fascinaram...
Razão e Fé
Desde que comecei a ler filosofia, na adolescência, minha vida tem oscilado entre a razão e a fé, com claro pendor racional, devo dizer. Na descoberta de que algo tão natural (e naturalizado) quanto a fé pode ser questionado há qualquer coisa de profundamente transformador. Pouco a pouco foi se desenvolvendo em mim um respeito pelas armas e instrumentos racionais, ao passo que sentia a fé como...
Escrever pra quê? Escrever pra quem?
Não sei quem sou, que alma tenhoExposição “Toda arte es una forma de literatura”, no museu Reina Sofia. Quem fala sozinho arrisca parecer louco, o mesmo não se aplica à escrita. A escrita não precisa de uma audiência para justificar a sua expressão. Não podemos falar sozinhos, mas podemos escrever sozinhos. A escrita não está condenada ao diálogo, portanto o monólogo lhe é permitido...