Uma perspectiva sobre o poder e a propriedade Os super-poderes dos babies de Skottie Young Invento e proponho um faz-de-contas bobo, uma ficção, uma fantasia, algo não real, não verdadeiro, você só precisa entender o sentido do que eu vou escrever, não importa que não seja verdade. <ficção> Vamos imaginar que toda pessoa tem algo que podemos chamar de super-poder. Não que todos tenham um...
Cosmopolita tendencioso: sobre patriotismo e nacionalismo
Cosmopolítica relativista (e tendenciosa) Nasci em São Paulo, me criei na Bahia (a Bahia me deu régua e compasso), mas não sou nacionalista nem patriota. Se eu me apresentasse assim a todas as pessoas, dizendo que não sou nacionalista nem patriota, quanta confusão não causaria. Não apenas porque as pessoas não gostam de discutir nada — elas gostam de sentenciar e esperam ansiosas uma validação...
O elogio e o bom juiz
Algumas pessoas só elogiam quando temem não serem vistas como generosas por não reconhecerem o que se deve, portanto, não elogiam espontaneamente. Outras passam direta e orgulhosamente à própria negação do paradigma que nos compele a elogiar, pois querem ser vistas como inteligentes e capazes de apontar aos outros seus erros de avaliação e julgamento; querem mostrar-se bons juízes ao indicar a...
O que é um terminal?
Formas de interação com máquinas e seres computacionais O terminal é uma interface interativa, lógica e sintática, uma forma de interação entre um ser humano e um computador, uma máquina computacional. Há interfaces não interativas, que são meros displays. Uma definição genérica e abrangente, pois eu não sou dos que aposta na precisão, eu prefiro a vagueza — entender o vago é importante, porque...
Coordenação ou confluência? Parte 2: a permeabilidade entre o individual e o coletivo
Segundo texto de uma série (de três) sobre confluência, o primeiro texto discute principalmente a ideia de coordenação, a contraparte estritamente corporal disso que designo como confluência (espiritual). Descobri recentemente que Alexandra Elbakyan (criadora e mantedora do Sci-Hub) pesquisa interfaces cérebro-maquina (brain-machine interface). Pesquisadores de diferentes áreas, até mesmo de...
Coordenação ou confluência? Parte 1: o exército e as redes
Esse é o primeiro texto de uma série (de três) sobre confluência. O texto seria publicado na Revista Farolete, no entanto, infelizmente a revista será descontinuada e por isso eu decidi publicá-lo aqui. Não é exatamente fácil e acessível, porque talvez seja excessivamente “experimental”, mas a ideia em si é uma das minhas preferidas. A eficiência parece indispensável, por isso talvez...
Nadar contra a maré
O pensamento de Nietzsche foi instrumentalizado para dar estofo intelectual ao anti-semitismo e a toda sorte de bobagem. Deleuze, comentando um uso da ideia de vontade de potência, sublinhou algo muito importante que pode ser usado também para compreender a dificuldade de nadar contra a maré (sobre o que, em certo sentido, Nietzsche também escreveu). Todo restabelecimento de valores implica...
Amor é coisa do corpo
Para a minha cheirosa… O amor é coisa do corpo, lição da filosofia de Carlos Drummond de Andrade. Ou de Manuel Bandeira? Aqueles que se importam com a posse e com a autoria que decidam quem é o autor da lição. Eu prefiro suspender o juízo e apreciá-la como algo de todos; aprendizado oriundo dessa comunidade — manifesta frequentemente em poetas e loucos (morbus sacer) — que é subterrânea e...
O que significa acreditar na linguagem?
Pensei em dar ao texto o título O império do perlocutório, mas esta é apenas uma de suas etapas e não o seu alvo. Usamos a linguagem não como as poetisas e os feiticeiros, usamos a linguagem como argumentadores, como quem calcula. Queremos, sobretudo, provocar efeitos, fazer com que nossas ideias afetem os outros e os transforme, mude seus sistemas de crenças e, consequentemente, suas ações e seu...
A amizade nos ensina a sentir o Real e a ser quem somos
Como boa parte dos animais, o ser humano é compelido a imitar desde o princípio da sua vida. Sua capacidade de aprender depende do sucesso em repetir o que fazem os outros seres humanos. A triste realidade é que não há garantia de que a força da imitação será combatida uma vez que ela tenha cumprido seu papel, o ser humano não é obrigado a ser autônomo, a pensar por si mesmo, a emancipar-se das...