Seguramente há muitas maneiras de responder à pergunta que parece implícita nos comentários de Alan Turing sobre seu Imitation game: o que é que caracteriza a nossa inteligência? Poderíamos construir uma máquina que fosse capaz de se fazer passar por um ser humano a tal ponto de não ser notada nem mesmo por alguém cujo trabalho é distinguir uma inteligência natural de uma artificial? Essa é uma...
O ato criador: a diferença entre a inteligência humana e a inteligência artificial
O mito da ordem e da autoridade. Ou por que a polícia e o exército não resolvem nada
Se quiser ter alguma legitimidade, a solução para um país mergulhado em problemas tem que falar ao maior número de pessoas. Qualquer pessoa com senso prático terá uma proposta para solucionar um problema por mais distante que esteja dele ou ainda que não esteja familiarizado com seu enquadramento técnico. E ela não está errada em pensar assim, questões políticas não se reduzem a problemas...
As plumas das asas da Vitória de Samotrácia
Boa filosofia se faz com qualquer formação acadêmica — ou mesmo sem ela, dicho sea de paso. Em Como se escreve a história, Paul Veyne faz um comentário interessantíssimo e muito estimulante: É importante para um arqueólogo contar o número de plumas que existem nas asas da Vitória de Samotrácia? Será que ele demonstrará, agindo desse modo, um louvável rigor ou um excesso de minúcias supérfluas? A...
Com quem aprendemos? O que nos ensina?
Os professores são os primeiros que vem a nossa mente quando consideramos a pergunta “com quem aprendemos?”, mas a verdade é aprendemos muito antes que eles façam parte da nossa vida. Aprendemos com nossos pais, irmãos e irmãs, amigas e amigos, namoradas e namorados e assim por diante. Aprender não é necessariamente uma questão sobre quem nos ensina o quê, pois pode ser também uma...
Raiva
Analgesia congênita. Insensibilidade congênita à dor é mais explicativo, não? É o nome da doença que afeta as pessoas que não são capazes de sentir dor. Imagina o quanto pode mudar (ou moldar) a cabeça de uma pessoa o simples fato de não poder sentir dor. Só a ausência do medo da dor física já é algo que nos transformaria imensamente — eu suponho. Agora imagine o quanto a raiva pode afetar nossa...
O poder é isso. E isso. E isso!
A pergunta “O que é o poder?” — que Gérard Lebrun respondeu com sua maestria habitual na Coleção Primeiros passos — tende a nos levar a um tipo de resposta. Não necessariamente, claro, mas nós tendemos a buscar algo comum às distintas manifestações de poder. O que há em comum no poder manifesto, por exemplo, pelo presidente americano e aquele que um traficante expressa ao determinar o...
Respeito e justiça
Foto de Pierre Verger Quando voltei ao Brasil, depois de alguns anos morando em Madrid, notei o que até então não havia notado: como a desigualdade se manifesta no modo como as pessoas se enxergam e se tratam. É claro que em certo sentido eu sabia disso, mas eu não sabia o que poderia significar uma transformação no modo como as pessoas se tratam até vir pra cá. O que me fez lembrar algo...
Pensamento: expressão e edição
Os garranchos de Wittgenstein e sua obsessão pela edição e revisão. Em certo sentido esse texto é um tributo a Wittgenstein, sinto que devo tanto a ele. Se eu tivesse lido A arte de escrever alguns anos atrás teria sido terrível. Ali Schopenhauer apresenta o que ele julgava ser tipos de pensamento e de pensador. Não teria sido legal me ver entre os tipos mais vulgares, por assim dizer. Por pura...
Misoginia e pederastia
Segundo Foucault, pederastia e homossexualidade são coisas distintas. A pederastia é uma prática cujo sentido depende de um contexto muito particular, de uma sociedade na qual a mulher é cidadão de segunda classe. As queixas contra o suposto apoio de Aristóteles à escravidão vem da mesma situação, para Aristóteles certas pessoas eram cidadãs, outras não. Sendo assim, a pederastia consistia no...
Os androides em Westworld são livres? Nós somos livres?
Spoiler alert: O texto contém (poucos) elementos informativos sobre questões importantes na série. Se tudo que você tivesse a intenção de dizer fosse simultaneamente impresso na tela de um tablet, se todas as suas falas, passadas e futuras, fossem apresentadas para você numa espécie de timeline, como é que você justificaria pra si mesmo a ideia de que é livre? Se alguém fosse capaz de...