Documentários sobre o capitalismo e seus efeitos

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Já faz alguns anos que os documentários têm ganhado um fôlego tremendo, talvez impulsionados pela mina de ouro da recém-nascida indústria de streaming. O caso é que muita coisa boa tem surgido e já há uma coleção razoável de filmes que têm um viés bastante crítico em relação aos efeitos do capitalismo. É certo que nenhum deles chega a exprimir ostensivamente essa crítica ao sistema — isso me incomoda imensamente —, mas para bom entendedor meia palavra basta.

Incomoda também um tom reformista em boa parte deles, mas isso é natural já que a maioria, senão a totalidade, foi produzida no contexto de sociedades liberais que creem que tudo é uma questão de ajustes internos. De tal modo que não custa repetir, mais uma vez, que a ênfase a respeito do efeito que essas ideias tem sobre o capitalismo é minha. Tá aqui a lista, este post é apenas uma compilação:

Sobre os variados efeitos das redes sociais há não apenas O dilema das redes (Netflix), mas também Sujeito a termos e condições (Terms and conditions may apply), que aliás está completo na rede, só que em inglês. Os documentários exploram múltiplos aspectos, desde nossa transformação em meros dados comercializados na economia da atenção, até os mecanismos de controle comportamental constitutivos dos modelos que estão na base das redes sociais e dos sites que frequentamos diariamente. Modelos que nos adestram inadvertidamente e que fazem de modo quase imperceptível o que a Cambridge Analytica fez descaradamente. Sobre tudo isso Jaron Lanier fala com muita propriedade nessa entrevista, além de explicar porque os conteúdos negativos têm um papel central na dinâmica de engajamento das redes.

Cowspiracy: o segredo da sustentabilidade e Seaspiracy (Netflix) tratam da insustentabilidade de indústrias que devastam o meio ambiente e tornam real a cada dia o prospecto de um planeta inviável à existência humana.

O Capital no século XXI e The New Corporation tratam de modo mais direto a questão do sistema econômico e da inviabilidade do que se propõe como modelo. O primeiro filme é baseado no livro de Thomas Piketty. São filmes que apresentam de modo claro críticas que precisam circular entre um público cada vez mais amplo.

Por fim, Spaceship Earth (Netflix) documenta a experiência, bancada por um bilionário do Texas, de criar uma biosfera artificial e confinar dentro dela um grupo de seres humanos a fim de avaliar seu efeito. Não é muito diferente da ambição do miolo mole metido a visionário, Elon Musk, que quer colonizar outros planetas (para salvar a humanidade?) e, por isso, vejam só, ele está juntando dinheiro. Sobre esse e outros aspectos eu escrevi recentemente A presença humana, um primeiro texto sobre ecologia.

“Estender a luz da consciência às estrelas”, quando o sujeito tem muito dinheiro ele pode dizer toda sorte de bobagem e ainda assim será aplaudido.

Para quem se interesse pelo tema das críticas ao capitalismo, sugiro também meu mapa contra o capitalismo.

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