Li ontem um artigo em que Maria Rita Kehl articula Adorno, Lacan e Débord em função da análise do sujeito na sociedade do espetáculo — expressão do Débord. O texto é breve, mas instingante. Em linhas gerais, o que ela diz é que o sujeito (que nem se realizou enquanto tal, para Adorno) se reduziu ao papel de receptáculo de uma subjetividade pré-fabricada (subjetividade reificada) e que, na...
A que se reduziu o sujeito na sociedade do espetáculo
Amizades mancas
Pra meu amigo Victor Aragão Tenho a frequente impressão de que hoje em dia as amizades perderam parte substancial do seu todo. A imperiosa necessidade de evitar os confrontos (talvez, o encontro com o Outro) tem pretextado relações que mascaram um enorme abismo sob o fino véu de uma intimidade mal disfarçada, circunstancial e restrita. Como se, no fundo, as amizades tivessem também se contaminado...
Um dia triste para a blogosfera
Demorei muito a descobrir os blogs. Para mim, tudo começou no blog do Rafael Galvão, mais precisamente, na seção As alegrias que o Google me dá. Fui lançado lá por acaso, através de uma pesquisa, e como não poderia deixar de ser, fui presa da sua espirituosidade. Logo descobri que por ali também havia inteligência. Inteligência e humor são duas coisas que eu não dispenso. Passei então a acompanhá...
O dever do gozo
Minha querida amiga Moni indicou um texto do Zizek: O superego pós-moderno. Não é uma peça exatamente fácil, ou clara, (aliás, como convém a um bom intelectual de extração lacaniana) mas há momentos de muita lucidez e formulações cortantes que ecoam um certo modo de mobilizar a psicanálise muito semelhante aos usos que se faz dela na Escola da Frankfurt. Recortei duas passagens que abordam o...
Orgulho e preconceito
Na noite do dia 31 fomos todos para a avenida Paulista. Pobres, ricos, paulistas, baianos, altos, baixos. Estávamos de início todos em frente ao MASP, com bandeiras, brincando, alegres, bebendo. Não havia distinções. Talvez apenas uma: alegres e tristes. Ou talvez nem isso. A diversão da noite era dançar em frente à sinaleira da Paulista com a Pamplona, agitando as dezenas de bandeiras em frente...
Por que NÃO votar em Serra
Em São Paulo é fácil juntar as migalhas que se fazem de argumento contra Dilma. Em verdade, o argumento é apenas a satisfação formal de um requisito protocolar, o de que se tenha razões para votar em alguém. Não é preciso ter boas razões, as razões não devem perfazer entre elas um todo coerente e qualquer coisa pode ser posta na condição de razão. Digo isso porque, em São Paulo, não é preciso ter...
Por que NÃO votarei em Marina Silva
Não tenho tempo para longos comentários. Tampouco para o lenga-lenga que tenho lido por aí em torno da candidatura de Marina. Vou dizer tudo em uma frase: Marina não tem absulotamente nada a oferecer que já não esteja representado nos dois projetos do PT e PSDB (das coisas boas e ruins). O resto é mera ingenuidade de acreditar que o governo Marina não vai precisar negociar com o PMDB e com o...
Primero hay que saber sufrir
A estadia em São Paulo tem me ensinado muitas coisas. Não pela cidade em si, mas pelas circunstâncias. São Paulo tem me ajudado entender Salvador um pouco mais, de sorte que o meu gosto pelas duas cidades, antes mais favorável a Sampa, tem se equilibrado. Em muitos aspectos elas não têm comparação, mas cada uma é peculiar em muitas características. Longe de mim transformar essa tensão saudável...
O SEGUNDO dossiê FICTÍCIO do ano de 2010
O Brasil é um país de memória curta. Pouca gente lembra que, muito antes do mensalão, Ronivon Santiago renunciou após ter relatado, em conversa gravada pela Folha, a venda de seu voto em favor da emenda que permitiria a FHC se reeleger mais uma vez. Será que alguém tem notícia de algum processo na justiça contra o ex-deputado? Algum esclarecimento foi prestado à população a esse respeito...
Profeta da esquerda desenvolvida, Arnaldo Jabor luta contra moinhos de vento
É admirável o empenho com que algumas figuras da direita combatem a realidade. A gente precisa ser honesto para reconhecer a bravuras desses homens que fantasiam um mundo inteiramente diverso, a fim de que, nesse mundo, suas idéias e opiniões se ajustem a ele com perfeição. É o que faz Arnaldo Jabor. Debochadamente, Jabor revela muito de si ao confessar que suas incursões pelo ideário da esquerda...