O monstro que somos

O

Às vezes eu fico besta ao constatar o quanto eu sou cruel comigo mesmo, o quanto eu sei exatamente o que dizer para fazer mal a mim mesmo. Eu me julgo e me critico como ninguém. E constatando como eu sou cruel comigo mesmo, eu não posso dizer que esse outro dentro de mim é verdadeiramente um Outro, que é um demônio ou coisa parecida. Não posso dizer que eu sou a parte boazinha, e que a parte cruel é outro ser. Por isso eu sofro, e sofremos todos nós uma dor dupla. A dor que sentimos ao escutar o que esse outro tem a dizer de nós, seu julgamento cruel, e a dor de admitir que nós somos também essa parte cruel, que ele é tão parte de você quanto a parte boazinha.

É difícil aceitar que o inimigo — que aquele que mais tememos, que mais odiamos, por quem sentimos uma raiva venenosa — está também dentro de nós, pois é também quem nós somos. Como dizia Thoreau, nunca conheci homem pior do que eu mesmo.

Em Station Eleven, essa séria incrível, Kirsten dizia: “To the Monsters We’re the Monsters

Adicionar comentário

outras redes

Perfis em outras redes

Preferidos

A categoria Preferidos é especial, porque reúne os textos que eu mais gosto. É uma boa amostra! As outras categorias são mais especializadas e diversas.

Categorias

Arquivos