Educação como prática da liberdade

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Desenho do @linhadotrem

Se eu fosse o ditador do mundo inteiro, ou no mínimo ditador do Brasil, todo mundo seria obrigado a ler Paulo Freire, pelo menos “Educação como prática da liberdade”. Que ser humano lindo não foi Paulo Freire, que amor pelo humano! Não digo o amor, palavra gasta na boca de pessoas que mal olham para os outros, que vivem centradas em si, mas o amor das pessoas que agem e dedicam as suas vidas a ajudar, a estimular e a elevar outros seres humanos. Essas pessoas são as melhores! O amor pelo humano não é nenhuma forma de humanismo — eu mesmo sinto muito mais animalista que humanista hoje em dia —, mas o reconhecimento de que só pela linguagem humana o humano pode ser superado e de novo dissolvido no animal. Somente por meio de tudo que a linguagem humana tem de natural e, ao mesmo tempo, de cultural; só mediante o que ela tem de simultaneamente espiritual (imaterial) e material; de irredutivelmente diversa e comunitária (mas nunca universal); da relação entre os seus conceitos e identidades e as ações e hábitos humanos dentro da sociedade (ética e política) e como parte da natureza. O amor de Paulo Freire é o de quem superou o egocentrismo básico, de quem conhece a liberdade de se importar com os outros, esses outros amavelmente imperfeitos como nós mesmos.


Essa semana voltou a circular a notícia sobre o busto de Paulo Freire em Cambridge. O vira-latismo brasileiro tem que dar cambalhotas para explicar como as superiores nações estrangeiras chegaram a permitir que o pensador brasileiro tenha se tornado um autor mais citado que o próprio Marx. Deveríamos perguntar a um dos precursores do vira-latismo intelectual brasileiro, à estimulante figura intelectual (sic) de Diogo Mainardi, para quem “ser o mais importante intelectual brasileiro é igual a ser a prostituta número quatro do Cazaquistão”.

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