Escolher a própria máscara é o primeiro gesto voluntário humano. E solitário.
Clarice Lispector, “Persona” em A descoberta do mundo
A amizade é (o ambiente && a atmosfera)
em que nos sentimos à vontade para ser quem somos: agimos espontaneamente, abandonamos armas e máscaras, e tentamos descobrir quem nós realmente somos… Estar à vontade perto de seres humanos é difícil, somos perigosos! Somos os animais mais perigosos que existem, de longeeee! Podemos chamar de “encontro” quando nos sentimos bem perto de outros seres humanos a ponto de baixar a guarda e tentar descobrir quem somos — encontros são bonitos e raros, são formadores! São as pessoas perto de quem nos sentimos à vontade para estar sem máscaras que nos ensinam quem nós somos! Até lá, somos apenas a máscara.
Amizade como extensão de nós mesmos — A amizade nos ensina sobre a nossa identidade, sobre quem nós somos por trás das máscaras, mas ensina também a nos tornar outros, absorver coisas dos outros, quase por osmose. Mudamos sob a influência dessas pessoas com quem nos conectamos: lemos outras coisas, escutamos outras coisas, prestamos atenção num mundo ligeiramente diferente, ou totalmente diferente. Amigos e amigas são postos avançados de nós mesmos, estamos assim em muitos lugares, temos muitos olhos e espíritos.