O sonho de todo competidor é vencer sem esforço, vencer por W.O. E é isso o que reflete a expressão esquerda caviar. Em nome de uma pretensa coerência, se denuncia o paradoxo de sustentar ideias de esquerda e, ao mesmo tempo, possuir ou ostentar bens materiais, bens de consumo, e qualquer produto que o capitalismo ofereça.
Para as mentes brilhantes que empregam a expressão, a esquerda é (ou deveria ser) uma espécie de franciscanismo. Se todo crítico do capitalismo decidisse se retirar da sociedade capitalista para não transigir com seus absurdos, realizariam assim o sonho de todo ferrenho defensor do capitalismo. E o que isso resolveria? O capitalismo é um problema político que não se resolve simplesmente mudando escolhas pessoais. Transformar um problema político numa questão estritamente pessoal, idiossincrática, é uma manobra tola de quem não tem clareza sobre os elementos com que opera, é não ter entendido nem mesmo a natureza do problema.
PS. Obviamente, não se de trata imaginar que o capitalismo não afeta questões e escolhas pessoais, o que resta saber é se esse pessoal, por isso, estaria disposto a dar razão à Escola de Frankfurt? De qualquer modo, convém recomendar o liberal Rorty nesse momentos: Trotsky and the Wild Orchids — ainda que eu não concorde com ele em muitos aspectos, ele tem um ponto que pode interessar (claro, não àqueles que empregam a expressão esquerda caviar, mas a quem se interesse pelo assunto).