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Entre o gênio e bom trabalhador

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Durante toda a minha vida acreditei no trabalho. Por isso, quando quis escrever — e escrever bem, como os bons escritores — cuidei de observar atentamente o modo como os mestres organizaram seus trabalhos. A maneira como encadeavam os períodos, a medida exata de cada recurso, o tom, se podemos falar assim, do discurso — tudo isso a fim de criar uma regra geral que pudesse me instruir...

Determinismo em Strawson e Dostoiévski

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Freedom and resentment. A releitura obscureceu mais do que o contrário. Sinal de que me iludi na primeira leitura. Uma resposta ao determinismo é elaborada ali de maneira bastante peculiar. Em verdade Strawson diz nem mesmo saber do que se trata a tese determinista [I belong to, I must say it is the first of all, the party of those who do not know what the thesis of determinism is]. Admitindo as...

Dica de um sedutor

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Enquanto buscava — nesse livro que não cansa de me fascinar — uma incrível observação da Marquesa de Merteuil, encontrei outra não menos cirúrgica formulada pelo Visconde. Ela encerra um conhecimento bastante instrutivo para os homens e, geralmente, fatal para as mulheres (sensíveis ou pretensiosas). Prévan é realmente amável; é-o mais ainda do que supõe. Tem sobretudo o talento...

Jogos de amor em Ligações Perigosas

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Entre uma e outra bebericagem, passei a tarde de sábado (24/11) apreciando uma feijoada (da qual fui co-autor) e discutindo Ligações perigosas, de Laclos. Meu pocket friend, Sir André Nascimento, insinuou uma leitura amarga da obra. Para ele, o núcleo do livro consiste na redução do amor a um agregado de objetos manipuláveis, a um jogo. Eu, ao contrário, considero que o livro trata do fracasso da...

O homem de cabeça de papelão

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Neste sábado assisti à dramatização do conto O homem de cabeça de papelão de João do Rio, na TV Cultura. Coube à atriz Beth Goulart Maria Luisa Mendonça realizá-la. (À minha amada coube o alerta quanto ao nome da atriz que atua na encenação e achei, por consequência, o vídeo no qual ela interpreta o conto) É um conto um tanto misterioso, deixa-se enquadrar somente ao preço de sua integridade...

O Amor, Deus e o Rato morto

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Este heideggeriano¹ que vos fala, desamparado e sem recursos, sopesou ante lembrança do conto Perdoando Deus, de Clarice Lispector, que ocorreu a meinen Freund André. Se você sentiu asco pela figura acima, sinta-se despreparado para o amor. Toda essa cerimônia é apenas o pretexto para citar um fragmento que dispensa comentários: Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que...

Citando Valmont

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Declarou que não iria passear, o que era o mesmo que me dizer que eu não teria ocasião de falar-lhe. Senti perfeitamente que devia colocar aí um suspiro e um olhar doloroso. Ela sem dúvidas esperava por isso, pois foi o único momento do dia em que consegui cruzar com seus olhos. Por mais pura que seja, tem suas astuciazinhas, como qualquer outra. (…) Minha bela amiga, o homem mais astucioso...

Camus e o compromisso

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Sabe, ouvi falar de um homem cujo amigo tinha sido preso e que todas as noites se deitava no chão do seu quarto para não gozar de um conforto de que havia sido privado aquele que ele amava. Quem, meu caro senhor, quem se deitará no chão por nós? Se eu próprio seria capaz? Escute, gostaria de ser, sê-lo-ei. Sim, seremos todos capazes, um dia, e será a salvação. Mas não é fácil, porque a amizade é...

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A categoria Preferidos é especial, porque reúne os textos que eu mais gosto. É uma boa amostra! As outras categorias são mais especializadas e diversas.

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