Que vício deplorável o de escrever ébrio, ou ao menos num estado de excitação alcoólica semelhante — para que eu não caia na classe dessas figuras que se embriagam por qualquer coisa. Tanto melhor! assim estou mais preparado para atender às exigências do mestre Baudelaire, a quem coube o ofício de prescrever os deveres do bom ébrio. Eu, que nunca tive caráter para fugir à regra, entrego-me...
Jogos de amor em Ligações Perigosas
Entre uma e outra bebericagem, passei a tarde de sábado (24/11) apreciando uma feijoada (da qual fui co-autor) e discutindo Ligações perigosas, de Laclos. Meu pocket friend, Sir André Nascimento, insinuou uma leitura amarga da obra. Para ele, o núcleo do livro consiste na redução do amor a um agregado de objetos manipuláveis, a um jogo. Eu, ao contrário, considero que o livro trata do fracasso da...
Paraísos perdidos
Nas noites de verão os operários instalam-se na varanda. Em casa ele só tinha uma janelinha. Então, desciam-se as cadeiras, que eram colocadas diante da casa, e saboreava-se o anoitecer. […] Em certo nível de riqueza, o próprio céu e a noite cheia de estrelas parecem bens naturais. Mas, no limite inferior da escala, o céu retoma todo o seu sentido: uma dádiva sem preço.Alberto Camus, O...