Quando o cinema tenta empreender uma reflexão linear, de maior alcance, põe-se em geral à sombra da literatura e da filosofia. Mas nem sempre é assim. Às vezes, alcançada a forma ideal, seus resultados e métodos transcendem o próprio expediente literário e filosófico. Recortei abaixo um dos diálogos mais instigantes de O sétimo selo, de Bergman. É absolutamente compatível com as mais cortantes reflexões de Kierkegaard, tanto quanto com os mais aterradores comentários de Camus (especialmente em O mito de Sísifo) a respeito da existência e da angústia que marcam um mundo sem sentido, “em que é preciso imaginar Sísifo feliz”. Vejam vocês mesmos! — é impecável em todo e qualquer aspecto.