7 anos do blog

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Inadvertidamente, em agosto o blog completou 7 anos. Não que isso signifique muita coisa, mas talvez mereça uma nota. Quando tardiamente eu descobri os blogs muita gente havia começado a escrever desde o começo dos anos 2000, ou mesmo antes. E então me impressionava a longevidade desses blogs. Infelizmente, boa parte deles já não existem — e talvez os próprios blogs já tenham entrado num processo de extinção, sufocados pela imediatidade e alcance de outras formas de comunicação.

Esse não é o destino do meu. Acima de tudo, porque eu nunca fui capaz me propus a escrever para uma grande audiência. Creio que minha abordagem, ou qualquer outro aspecto da minha idiossincrasia, nunca foi capaz de transformar os temas que pintavam por aqui (já naturalmente impopulares) em objeto de maior atenção. Entretanto, não posso dizer dos erros sedimentados e manifestos neste espaço, que a desilusão tenha sido um deles. Em minha cabeça estava clara a necessidade não de encontrar um canal de expressão e de diálogo, mas de construir um espaço que funcionasse a um só tempo como reservatório de ideias e espaço para o exercício da escrita e do estilo. É claro que a relação com os outros blogs, com as outras pessoas, influiu e muito na maneira como, a cada momento, eu realizava as minhas ideias; e também muitos outros elementos concorreram para as coisas ganhassem formas concretas, para além da pretensão de registrar ideias e praticar a escrita. Talvez a necessidade política de escrever e fixar um juízo sobre certos temas tenha sido um componente prático mais determinante que qualquer outro, sempre, porém, animado pelo projeto particular dar melhor forma e expressão às ideias que me ocorriam.

E o que acontece é que, apesar de tudo, eu constato felizmente que este projeto tem sido bem sucedido. Isto é, apesar dos inúmeros equívocos, da vergonha que alguns posts inspiram (alguns até cheguei a apagar), no geral eu sinto que posso constatar um aperfeiçoamento. Apesar dos textos que revelam inegavelmente esse processo, quer pela insipiência crítica, conceitual, quer pelo estilo desengonçado, perdido ainda entre o desejo de encontrar um ponto entre o formal e o informal, hoje eu me sinto mais próximo às coisas que digo que do antes, sinto que elas representam com maior fidelidade o ânimo geral que as inspira e propósito de fundo que lhes dá forma, peso, textura, etc. E de alguns texto tenho até um tímido orgulho.

Gostaria de um dia poder realizar por completo a harmonização entre o que penso e o que escrevo e quem sabe nesse dia eu possa registrar aqui meu contentamento pleno, pois não há maior obstáculo senão à vontade de escrever, ao menos à escrita propriamente, do que a frustração de ver suas próprias palavras trairem seu pensamento, não apenas no conteúdo, que é importantíssimo, mas especialmente na forma, que, a cada dia mais, eu penso tão ou mais importante que o próprio teor do que se diz.

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