O “especialista” e o fim da CPMF

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Assisti no Jornal Hoje o comentário de um economista sobre o fim da CPMF. Ele dizia que os recursos antes captado pelo imposto agora podem circular e estimular a economia* e, para coroar essa consideração tendenciosa embora verossímil, afirmou que os pobres seriam os maiores beneficiados pelo fim do imposto. Os mais pobres, que contribuíam com pouco menos de 5% do montante arrecadado, são os principais usuários do Serviço Público de Saúde, por isso uma afirmação dessa natureza é, no mínimo, questionável.

É verdade que a menor quantia para eles é mais significativa do que aquela captada entre os mais ricos, mas o benefício proporcionado pela arrecadação coloca uma variável que, na minha opinião, faz a equação pesar em favor dos benefícios mais do que dos prejuízos. Se esse cálculo é controverso, a situação dos mais ricos, por sua vez, é confortável e seguramente menos controversa. Contribuindo com mais de 70% do total arrecadado, não são eles o objeto direto da ação pública, posto que, com razão, na maioria das vezes preferem pagar pelo conforto e tecnologia dos centro particulares de assistência médica. Se pagam muito por algo que “não desfrutam”, são seriam eles os principais interessados no fim da CPMF?

Diante desse painel, será que podemos dizer que os mais pobres são os maiores beneficiados pelo fim da CPMF? Qual é a razão para afirmação tão categórica em terreno tão delicado? A autoridade dos especialistas atalha o raciocínio simples, substituindo-o por um veredicto dogmático que não se costuma questionar apenas por respeito a condição de quem o enuncia. É preciso, como vemos, deixar de temer os especialistas.

* Não temos garantia de que o dinheiro disponível subsidiará investimentos ou qualquer intervenção direta que dê ocasião para contentamento maior do que aquele que resulta do acréscimo de capital no mercado. Há muitas vias para se conseguir tal resultado, esta é demasiado custosa para que possa servir de consolo.

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