Pois bem, em pleno vigor dos Jogos Pan-americanos convém exprimir minha opinião sobre o episódio Ricardinho e Bernardinho. Assisti as lamentáveis vaias ao filho de Bernardinho (Bruno), li muitas coisas a respeito do caso, inclusive um post do blog Tudo que é sólido desmancha no ar.
Até onde vai meu limitado conhecimento de vôlei, consta que, comandados por Bernadinho, conquistamos todos os títulos que disputamos, salvo a edição anterior dos Jogos Pan-americanos. Portanto falta apenas esse título no currículo da vitoriosa seleção de vôlei. Dispomos de uma quantidade exorbitante de bons atletas, o que garante segurança quanto a continuidade dessa trajetória de glória. Entretanto, não podemos negar que esse curso de vitórias teve início na Era Bernardinho. Mais ainda, posso dizer que o profissionalismo, dedicação e paixão com que ele monta e dirige a equipe é um paradigma a ser copiado pelos demais esportes. Longe de qualquer acesso de ira provocada pela incompetência do técnico da seleção brasileira de futebol, na serenidade dos meus momentos mais lúcidos, eu sonho com o dia no qual Bernardinho assumirá este posto, a despeito das diferenças entre dois esporte — a competência do técnico parece não se limitar ao seu domínio profissional, o vôlei. Vejam bem, estou certo de que não sou o único partidário dessa opinião. Bernardinho é constantemente chamado a ministrar palestrar para administradores, executivos, para uma variedade incrível de segmentos que o tomam como exemplo de competência na gestão e administração de recursos humanos.
Por essa razão acho desleais as críticas que têm sido dirigidas a ele. Vitorioso e competente no que faz, deveríamos, depois de tantas glórias, conceder-lhe um crédito mais do que justo, merecido. Nossa história testemunha tantas concessões injustificáveis, por que diante de tanto mérito deveríamos supor que suas qualidades silenciaram nesse caso? Aliás, sobre o episódio nada sabemos além do desfecho, a dispensa de Ricardinho. Por que especular? e pior de tudo, por que a especulação se converte em acusação àquele que é o símbolo da nosso momento mais vitorioso? Será que Ricardinho está isento de cometer qualquer atitude reprovável? ou que seu talento justifica sua presença incondicional?
Sou fã de Ricardinho, como de todos desta geração. Mas era também fã de Maurício antes dele — e pra mim, Maurício foi revolucionário, eu o vi fazer coisas incríveis. O Brasil é um manancial de bons jogadores (e levantadores), a competência de Bernardinho, porém, é distintiva. E acredito que ele nunca tenha dado aos seus fãs e jogadores qualquer oportunidade para que questionássemos sua competência e capacidade. Por isso eu lamento profundamente que vaias tenham sido direcionadas a Bruno, que além de substituto imediato, é seu filho. O questionamento deste modo torna-se, além de profissional, pessoal. Para minha alegria, sóbrio como não poderia deixar de ser um comandante bem sucedido, ele tem reagido com absoluta naturalidade a todos esses acontecimentos.
Olhem só o que era pra ser um post ameno! Perdoem-me, é incômoda nossa inépcia, nossa incapacidade para julgar e sentenciar quem são amigos e bandidos em nossa história. Talvez isso explique nossa realidade!