Quem acompanha jogo pela internet não pode se dar ao luxo de escolher o idioma da locução. Calhou de, dessa vez, ser o inglês britânico. Já era o segundo tempo do jogo do Barcelona com o Villareal. Tuitei sobre como me parecia evidente que ele havia amadurecido. Eu já havia sentido antes, mas agora ficou claro depois de ele ser botinado duas vezes, ter caído, levantado para em seguida ser desequilibrado mais uma vez, para só então o juiz marcar a falta. Ele perdeu todas as oportunidades para se jogar e lutou para ficar em pé. Ele amadureceu, tuitei. (Seu amadurecimento é tão evidente e coincide até com o cabelo mais sóbrio, que dá até pra pensar que sua vida é uma novela, ou uma jogada de marketing, de tanta sincronia). Em seguida, ele faz uma jogada e não consigo não gritar, PUTAQUIOPARIU, o gol de Neymar, que golaço. Me pareceu o mais natural a fazer, comemorar aquele gol como se fosse o gol de Guerrero (que eu não vi na hora, porque não assisti o jogo) na final do Mundial Interclubes. Pouco depois eu volto pro mundo e consigo pescar uma coisa ou outra do que dizem os locutores ingleses com meu inglês barato:
“Eu já vi isso antes…”
“Pra ele é natural…”
“É claro que ele vê coisas que os outros não veem”
Meu pai me diz que nunca viu alguém fazer um gol assim antes. Deve ser o primeiro de uma nova geração. Neymar fez no futebol o primeiro gol Globetrotte. E que golaço!
PS. Não deixa de ser bonito escutar com que honestidade os ingleses falavam sobre Neymar. Quer dizer, como alguém pode buscar palavras tão elaboradas para falar de alguém, senão pelo esforço de ser fiel a um sentimento que deve ser representado com toda a fidelidade. Por uma questão de honestidade mesmo. Como se dizer menos fosse não ter a grandeza de reconhecer o grande — e aceitá-lo. Por um sentimento de justiça! Não dar o que o outro merece é antes de tudo uma grande injustiça. Magister dixit.
Atualização: o gol tá aqui, pra quem quiser ver.
Esse gol foi espetacular, mas teve os problematizadores do Twitter que ficaram dizendo que não era tudo aquilo… :/
Marcus,
Às vezes eu penso que escreverá o livro sobre o nosso tempo quem explorar as múltiplas dimensões do fenômeno HATER, viu!
Porque eu acho que há o hater nível TROLL mas há os haters mais comedidos (que não deixam de expressar o mesmo sentimento). Mas é impressão minha.