Lamentável que algumas circunstâncias exijam o abandono de costumes e hábitos cotidianos. Não sou dessas criaturas incríveis que organizam e desempenham simultaneamente múltiplas atividades. Para que eu desenvolva bem um único projeto preciso de concentração quase absoluta, de sorte que as outras tarefas caem fatalmente em segundo plano. Meus estudos cobram um relativo afastamento da atividade de consumidor voraz de notícias e comentários — o Google Reader é o primeiro alvo. Aliás, vejam o estado em que ele se encontra, diante desse panorama:
Isso produz um dilema: o consumo de notícias e comentários não é fetiche ou capricho, pelo menos não absolutamente. A internet e os blogs fazem parte de um novo modo de fazer política, de promover as discussões indispensáveis ao aprimoramento democrático, ao exercício do debate e do diálogo sem os quais nossa presença em sociedade é meramente cênica. Assim, meu distanciamento ganha contornos ainda mais dramáticos e minha ausência desse espaço de discussão e participação política atinge um estatuto ético. Bem, à parte o drama, o caso é que por conta dos meus projetos vocês poderão notar ligeiras (ou não) mudanças editoriais: posts mais amenos, maior intervalo entre eles, textos menos desenvolvidos (se é que já houve coisas diferentes disso), especialmente porque não estarei mais estreitamente ligado às pautas mais imediatas da política e das coisas afins. Perdoem e, caso não lhes custe muito, permaneçam por aqui até que sobrevenham dias menos conturbados. Tentarei, talvez, exercitar uma escrita menos carregada, mais mundana. Enfim, está aí a desculpa para qualquer coisa futura. @@@
Vocês sabem que a minha memória está em vias de materialização de tanto que eu a invoco neste blog. No entanto, suas oscilações não deixam de ter sua arte, porque elas emprestam sabor especial às recordações. A arbitrariedade das lembranças desenha um mosaico às vezes significativo. Lembrei assim, do nada, de uma música de Gil que há tempos não ouço: Drão. Lembrando, comentei com alguém que me disse algo que eu não sabia, a música foi feita para sua então esposa, Sandra. Sandrão. Até então eu ignorava o significado do título e estava contente assim, pelo visto. É uma música muito interessante, com uma letra bonita, vale a pena lembrar. Eu prefiro a versão do Acústico de 94, com um arranjo pra flauta logo no início que faz vir a minha mente a imagens de sátiros tocando lascivamente aquele instrumento cujo nome agora me escapa. A versão que está aqui é a do disco Um Banda Um. Espero que gostem mesmo assim. PS. A propósito, Flavia, não esqueci dos textos não. É a falta de concentração mesmo, tenha paciência comigo!