Se alguém ainda não acredita que o presidente do Supremo é um homem seletivo, que escolhe com cuidado as causas a que prestará seus serviços, aqui vai o excelente comentário do Leonardo Sakamoto, considerando recentes declarações do ministro sobre o MST:
“Financiamento público de movimentos que cometem ilícito é ilegal, é ilegítimo. Que o Ministério Publico tome providencias para verificar se não há financiamento ilícito a estas instituições”, disse Mendes.
Interessante a indignação do magistrado só ter surgido agora. Por que ele não veio a público dizer o mesmo nas centenas de vezes em que ocorreu o contrário, quando grandes empresas e fazendeiros, que receberam recursos públicos do BNDES, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, entre outros, estiveram envolvidos direta ou indiretamente com a morte de centenas de trabalhadores rurais, sindicalistas e missionários, com a contaminação e destruição do meio ambiente, o trabalho escravo e o infantil, a expulsão de comunidades tradicionais de suas terras, a grilagem de terras, a corrupção de políticos e de funcionários públicos? Será que é pelo fato de que, no Brasil, boa parte do Poder Judiciário age com dois pesos e duas medidas, para ricos e pobres?
Atualização – Procurador-geral critica declarações de Gilmar Mendes sobre repasses ao MST.
Só fazer repasse não é ilicitude. Os casos concretos têm que ser investigados – disse o procurador-geral, completando: – O conflito agrário é algo extremamente complexo. Não pode ser resolvido com afirmação solta numa entrevista. É um caminho de duas vias, tem violência de todos os lados. O Ministério Público já trabalha nesse assunto há muito tempo (repasses de dinheiro público a sem-terras), equilibradamente, sem estardalhaço e sem divulgação, para ao final emitir o seu juízo. Talvez possa ter havido desconhecimento.