Neste sábado assisti à dramatização do conto O homem de cabeça de papelão de João do Rio, na TV Cultura. Coube à atriz Beth Goulart Maria Luisa Mendonça realizá-la. (À minha amada coube o alerta quanto ao nome da atriz que atua na encenação e achei, por consequência, o vídeo no qual ela interpreta o conto)
É um conto um tanto misterioso, deixa-se enquadrar somente ao preço de sua integridade. Trata-se, evidentemente, de uma crítica mordaz. Contudo, a escolha final de Antenor enviesa o desfecho, sugerindo a reflexão. Embora os valores humanos mais nobres coajam-no, que amparo pode fundamentá-los quando não ecoam no espírito dos próprios homens? Há valores transcendentes, quer dizer, alheios às culturas as quais se referem? Numa sociedade de desgraçados, as palavras bondade, desinteresse, sensibilidade, respeito, guardam algum sentido?
As ideias de João do Rio chegam longe, de um modo distintamente literário, sem fechar por completo o domínio que inscrevem. Leiam, pois, esse conto fascinante!