O conhecimento é a razão por que é necessário prescindir da ideia de propriedade e, acima de tudo, do seu uso. O conhecimento livre e o software livre são as razões que (sem querer) inventamos para ver onde podemos chegar sem a propriedade. Chegamos na sociedade de digital, onde contêineres (como os do Docker) administrados por sistemas de orquestração de contêineres (como Kubernetes) sustentam a sociedade digital, e sustentam precisamente porque ninguém é dono do código desses softwares (eles rodam com licença de software livre Apache 2.0). Eles são de quem quiser usá-los. Esses dois softwares são apenas exemplos (eu poderia usar outros) para dar uma dimensão da importância de um trabalho colaborativo, que não produz mercadorias. O fato de não ter dono e de, nesse sentido, ser de todo o mundo é o que torna o software livre tão poderoso e o padrão de desenvolvimento de software dominante no mundo, e é isso também o que torna possível a infraestrutura da sociedade digital, o que torna possível as Smart Cities (sonho da nossa húbris tecnológica, as cidades são a mais importante tecnologia humana!).
O projeto OpenSSL bem poderia ser o projeto mencionado na tirinha acima. OpenSSL é uma biblioteca de ferramentas de criptografia usada para criar comunicação segura na rede, túneis criptografados por onde as informações confidenciais viajam, mantido por muito tempo apenas por gente apaixonada por software, mesmo que fizesse parte da infraestrutura de software usada por todos: de bancos a petroleiras. Depois de algumas vulnerabilidades fizeram muito gente ficar com medo de perder dinheiro, a Linux Foundation passou a financiar os caras.
