A estadia em São Paulo tem me ensinado muitas coisas. Não pela cidade em si, mas pelas circunstâncias. São Paulo tem me ajudado entender Salvador um pouco mais, de sorte que o meu gosto pelas duas cidades, antes mais favorável a Sampa, tem se equilibrado. Em muitos aspectos elas não têm comparação, mas cada uma é peculiar em muitas características. Longe de mim transformar essa tensão saudável num cálculo ou numa competição. Bom que seja assim, algo indefinido.
Apesar disso, no final das contas permanece o sentimento de que não pertenço a canto algum. Não sem razão sempre senti uma enorme afinidade por aquele verso de Fernando Pessoa que diz: “Até amaria o lar, desde que não o tivesse”.
Das boas influências que tem fluído por aqui, segue um efeito. A música do Roberto Goyeneche, Naranjo en flor. Dica do camarada Alexandre, que tem sido um importante cicerone. Da primeira vez que ouvi — Piazzolla tocando enquanto Roberto cantava — fiquei maravilhado. Os versos são tão fascinantes quanto a própria melodia, pungente, viva.
Primero hay que saber sufrir,
después amar,
después partir y al fin andar sin pensamiento…
Perfume de naranjo en flor,
promesas vanas de un amor que se escaparon en el viento…¿Después, que importa el después?