Nada traduz melhor o Democratas que o comportamento do senador Heráclitos Fortes no caso Ficha Limpa. O senador passou de ferrenho defensor do projeto ao primeiro a questionar sua aplicação.
Talvez ele não tenha culpa, eu já havia dito que a idéia tinha mero apelo eleitoral. Nenhum político aceitará de bom grado se submeter a ela. Todos os recursos possíveis — e impossíveis — serão empregados para se escapar ao seu alcance, enquanto os brasileiros, entretidos com qualquer outra coisa, sentem-se satisfeitos por terem contribuído para “um Brasil melhor”.
Questionar abertamente a aplicação da lei, depois de ter se empenhado na aprovação do projeto e colhido os frutos simbólicos pela sua defesa, reflete o pouco caso (já mencionado) que os políticos fazem da inteligência do eleitor.
Aproveitando o post, comento a escolha do vice de Serra. Foi um lance de gênio! Todos as figuras graúdas do DEM e do PSDB fugiram, à exceção de Álvaro Dias. Preferiram uma opção concreta: serem eleitos em 2010. Álvaro Dias, na certa, está pensando em consolidar seu nome para as futuras disputas, tendo em vista o desgaste de Serra (ou é o único ingênuo no PSDB). FHC já deixou vazar a descrença na vitória do seu candidato.
A escolha de Índio confirma o lugar do DEM na articulação política com o PSDB, sem comprometer a candidatura atual de seus personagens centrais. Além do que, a vereadora Andrea Gouvêa Vieira sugeriu que a escolha favorece os interesses eleitorais de Rodrigo Maia. Na oposição, as peças estão todas dispostas para a derrota de Serra.
Atualização – STF nega três pedidos para suspender Ficha Limpa: só quem pode jogar esse jogo são os queridinhos de Gilmar Mendes, na certa.