Resposta do Ombudsman da TV Cultura

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O Ombudsman da TV Cultura vive em outro mundo — foi a única explicação que encontrei. É verdade que ele deve ter recebido emails bem mal criados, considerando que o público de Nassif e Paulo Henrique Amorim foi informado da composição da banca. Parte dessa audiência, todos sabem, é composta por gente nada afeita a contradições, que se expõe com alguma truculência. Mas não seria preciso mais do que um ou dois emails para apontar o óbvio: as razões pelas quais tantos protestos vieram. Em sua resposta o jornalista preferiu uma análise bastante enfadonha do óbvio, destacando a postura dos comentários e os critérios bastante gerais para a escolha da banca. Sugeriu que deveríamos esperar o programa e observar o comportamento do entrevistado e dos entrevistadores.

Ora, contrariando os registros científicos alguém poderia aguardar a chegada de um furação do nível mais alto numa área de risco na crença de que ele não produziria os efeitos devastadores que eram esperados. Para as outras pessoas os padrões anteriormente observados são suficientes para moldar as práticas futuras na relação com esse fenômeno. Ernesto Rodrigues é ingênuo. Se ele tivesse considerado o porquê de tantos emails e não se conformado com a generalidade dos critérios elencados pelo verdadeiro responsável pelo teatro de segunda, Marcelo Bairão, teria se perguntado e constatado que a maioria dos entrevistadores se enquadra num perfil peculiar. Eles não têm motivos para formular perguntas que realmente interessem à opinião pública. Se é preciso ser democrático, tudo bem, que se mantenha todos ou parte deles, mas que outros jornalistas comprometidos com uma opinião contrária sejam chamados, Bob Fernandes, Nassif ou mesmo o próprio Paulo Henrique. Ninguém que tenha visto/lido a manifestação dos jornalistas convocados nos episódios recentes pode esperar outra coisa senão um grande espetáculo na segunda — afirmação a que Ernesto inconsciente e ingenuamente (?) se opõe. Um canto em louvor do “Estado democrático de Direito” — na feição anômala ilustrada pela pessoa de Gilmar Mendes. Só o Ombudsman da TV Cultura precisa ver para crer. Quando o programa acabar ele terá duas opções: lançar críticas a postura dos entrevistados ou imaginar que foi um entrevista limpa e justa. Nenhuma das duas opções interessa às pessoas que querem saber por que o presidente do STF vestiu a camisa do time de Daniel Dantas.

Algumas das perguntas que eu gostaria de lançar estão formuladas no post anterior — Ernesto sentiu falta de sugestões de perguntas nos comentários. Elas são um bom parâmetro para avaliar a conivência dos entrevistadores. Mas sejamos maliciosos, não é que Gilmar se negue a respondê-las. Ele e os outros ministros se manifestaram em todas as ocasiões. O que interessa é que as perguntas se aprofundem de tal sorte que sob a fina verniz de princípios e de generalidades revelem-se os interesses que animaram a mobilização das leis em todo episódio. Ou seja, as perguntas mais importantes não podem ser previamente formuladas pois elas dependem das respostas dadas pelo entrevistado e só entrevistadores comprometidos com o desmanche do teatro de Gilmar Mendes seriam capazes de formulá-las.

Repito: assistiremos um grande teatro na segunda feira.

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