Violência na UFBa

V
O ataque a uma estudante no campus de Ondina provocou comoção justa entre estudantes e professores da UFBa. Eles sairam às ruas reivindicando melhorias no programa de segurança da Universidade — que restringe sua atuação à proteção patrimonial, abandonando a própria sorte as pessoas que frequentam a Universidade. Os casos e os pontos de atuação dos criminosos são conhecidos e bem documentados, as autoridades, infelizmente, atuam no padrão costumeiro: escolhem o remédio ao invés da prevenção. Para azar da aluna de dança, violentada em plena manhã.

Acuado pela circunstância, o vice-reitor conversou com estudantes para negociar propostas a fim de por termo à violência crescente. Os estudantes rejeitam a proposta de vigilância da Polícia Militar, sob alegação de que os policiais não estão preparados para lidar com o policiamento no espaço de uma Universidade. Em discussões anteriores eles haviam rejeitado a mesma proposta, além de dispensar a construção de muros nos arredores da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH – São Lázaro) — sob risco de invasão. Na manifestação realizada hoje os estudantes sugeriram a criação de um Polícia Universitária. É uma proposta válida.

Mas há um problema simples aqui envolvido: não dá pra fazer omelete sem quebrar os ovos. A violência é um problema urgente, ainda que não exista nenhum empecilho à criação da tal PU, o processo todo exige tempo de que não dispomos. Os estudantes fariam bem em aceitar a vigilância provisória da PM, enquanto a PU ainda está em fase de capacitação, estipulando prazos para conclusão do treinamento dos policiais. Claro, isso tudo só acontecerá se não houver nenhum obstáculo à implantação desse modelo — e nós sabemos que há questões financeiras nada miúdas em jogo. Portanto, permitir as rondas da PM ainda parece uma solução adequada, embora temporária. Mas, afinal, o que os estudantes temem ao rechaçar essa proposta? Tudo bem, os policiais não são treinados para esse tipo de ambiente, mas estão habilitados para lidar com criminosos e para agir preventivamente. O que mais interessa, nessa circunstância? A postura da representação estudantil parece paradoxal. Soluções são exigidas mas há pouca disposição para conceder o necessário para contornar o caso. Que riscos os policiais militares podem representam a ponto de ser preferível permanecer exposto à violência? E quanto aos muros cuja proposta de construção foi anteriormente rejeitada? A integração da Universidade com a comunidade não será enfraquecida pela demarcação dos limites físicos da instituição. É claro que há o medo de que o relaxamento das autoridades consolide a atuação temporária da PM, tornando-a definitiva, mas esse medo não ajuda a combater o mal efetivo. Para mim está claro que esse risco é preferível a qualquer outro representado pela ação de bandidos. Vamos esperar que a sensatez prevaleça!

Tentativa de estupro em campus põe em xeque segurança na Ufba

Atualização: Nota para a deplorável declaração da diretora da Escola de Dança sobre a PM, anotada no blog Abordagem Policial. Vale conferir também os comentários.

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