A vida como nós a conhecemos

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Exclusivo: Sonda Phoenix vê água líquida em Marte

A água em estado líquido indica algo fundamental para a existência de vida, ao menos do modo como a conhecemos.

É uma formulação bastante apropriada: a vida do modo como a conhecemos. Duvido que alguém hesitasse em atribuir vida a uma criatura aparentemente dotada de movimento, que responda ao ambiente, mesmo que ela estivesse imersa numa atmosfera plena de metais pesados e se alimentando de matéria não-orgânica.

A vida como nos conhecemos, diante dessa experiência, se alargaria.

Digo isso por dois motivos. Primeiro, há uma alegação infantil que se serve da ausência de condições para vida — como a conhecemos — para refutar a possibilidade de vida extra-terrestre. Como se o universo tivesse um compromisso com a vida nos padrões da Terra. Segundo, porque esse aferro aos padrões da vida é algo semelhante àquele embutido na defesa da vida por parte dos que não aceitam o aborto ou as pesquisas com células tronco.

Se a vida é a correspondência a uma experiência absoluta, a partir da qual se empresta verdade ou falsidade aos enunciados científicos, é inevitável que esse entendimento produza uma postura pouco afeita às flutuações necessárias para admitir a possibilidade de vida extra-terrestre1 ou as pesquisas científicas com células tronco (é claro, não que as duas coisas possam ser colocadas na mesma ordem de prioridade).

1 Admitir a possibilidade de vida extra-terrestre não significa afirmá-la. É tão somente reconhecer o óbvio: não há nenhuma única razão para que imaginemos que organismos fora da Terra devem ter estruturas e funciomento semelhantes aos nossos. Pouco me interessa esse tema — mas ver brandido assim, impunemente, argumento tão grosseiro mexe comigo!

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