Viva a internet! (Viva Patch Adams!)

V
Achei um tesouro! Um tesouro a céu aberto, é verdade, alguns de vocês podem conhecê-lo, mas isso não diminui minha alegria em descobri-lo. Sabe, pessoas sentem-se felizes por razões variadas, eu confesso a felicidade particular que me assalta quando eu vejo um índice de entrevistas cujo primeiro nome arrolado é o de Adolfo Bioy Casares. Meu olhos marejam de felicidade quando constato que, como se não fosse o bastante, Roberto Schwarz é um dos que lhe dirigem perguntas. É a mesma sensação de felicidade que Clarice registra no espetacular Felicidade Clandestina. Fiel à felicidade ali representada, preciso admitir que ainda não li nenhuma das 230 entrevistas transcritas no site Memória Roda Viva, para preservar um pouco mais esse sentimento de descoberta.


O verdeiro Patch Adams, um sujeito inteligente que se veste como um híbrido de Cid Moreira e Falcão (por boas razões, diga-se de passagem)

Tudo começou com Patch Adams! Mein Freund André Nascimento — que é o equivalente a Oliveira, o canalha da redação de Sérgio Léo — sugeriu, para minha surpresa, a entrevista de Patch Adams, ao que ouviu a sonora declaração de que odiei o filme. Mas ele alegou que o sujeito em nada se parece com o Robin Williams. O verdadeiro Patch Adams nem gosta do filme, ele disse, e senti então uma simpatia natural surgindo. Alguns argumentos depois e eu já estava disposto a dar uma chance a Patch Adams. De fato o sujeito é inteligente e articulado. A ideologia e a utopia não o desabonam (diante de um leitor de Marcuse). Pois bem, procurei e encontrei a entrevista recomendada (completa) no Youtube. Enquanto assistia minha irmã sugeriu que eu procurasse a entrevista no Roda Viva do publicitário (fotógrafo) italiano Oliviero Toscani. Toscani, segundo ela, defende restrições às campanhas publicatárias combatidas no Congresso Brasileiro de Publicidade e teria, nessa entrevista, anulado todos os argumentos contrários. Fiquei interessado!, a publicidade, para mim, é o mastro principal da nau capitalista. Não é um discurso socialista ou coisa do gênero, é que eu, como FHC, penso que o mercado sabe criar lucro mas não valores. Por isso mesmo eu prefiro que a educação seja a estratégia primordial na luta contra a manipulação e o agenciamento das mentes juvenis, mas, diante da precariedade dos meios atuais, é sim necessário implementar restrições na veiculação publicitária. Esgrimir o argumento “restrição à liberdade de expressão” absolutamente não basta, pois eu não vejo problemas em restringi-la em algumas circunstâncias. É preciso apontar consequências e discuti-las — do contrário trilharemos o caminho do dogmatismo e da subordinação a princípios que nós criamos no intuito de realizar certos fins (princípios que não podem ser tomados como fins, mas como meios). São os fins a que devemos nos subordinar, admitindo, contudo, que eles também possam mudar. Mas não escrevi esse texto para falar disso.

Procurando a entrevista achei meu tesouro. Além das três entrevistas a que me referi, há milhares de outras. Por exemplo a fantástica entrevista de Amit Goswami, em 2001, que me surpreendeu e causou agitação. Pelo catálogo soube que ele foi entrevistado novamente nesse ano — a entrevista foi imediatamente adicionada na lista daquelas que preciso ler com urgência (essa entrevista por acaso também está no Youtube). Vou citar somente algumas referências do início do índice, para não cometer a injustiça em que certamente incorreria se me pusesse a selecionar as mais interessantes: o próprio Toscani, Amós Oz, Antonio Negri. Pena que não encontrei uma entrevista de Michel Serres, de que eu gostei muito (achei um fragmento no Youtube) . Tenho certeza que há entrevistas e temas para todos os gostos. Quem ainda não conhecia a fonte ficará tão maravilhado quanto eu e terá a seu dispôr material para muitas horas de deliciosa leitura.

A cada dia eu fico mais maravilhado com as possibilidades da internet! Eu vou baixar a imagem completa desse site.

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Sugiro também outro achado: uma entrevista com Cortázar. Ele fala sobre box e jazz.

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