Para quem nunca quis, é preciso desintegrar o delegado, primeiro passo para paralisar o processo. A receita é antiga.
Tem-se a impressão, pelo relato, de que a cúpula da PF age contrariada, como se fizesse o que tem que fazer por obrigação e não por vontade. Como alguém que, por obrigação, tem que prender um amigo. O esvaziamento é referência corrente, desde o primeiro texto que deu conta das intrigas internas da PF, no Terra Magazine. Os documentos permanecem intocados, como se não pudessem conter a chave para o caso.
Mas não, herói não, não. Cumpriu sua obrigação e pronto! Quem no lugar dele não teria feito o mesmo? — A cúpula da Polícia Federal? Mas se é assim, por que Daniel Dantas passou incólume por CPIs e investigações do CVM?
Perto das eleições de 2006, quando as fotos do “dossiê contra políticos do PSDB” vazaram, não lembro de nenhuma veemente crítica à especularização do episódio. Duas palavras que definem a posição da imprensa: disparidade e parcialidade. Sem essas variáveis nenhuma análise política honesta pode se realizar.