Um sobrevivente improvável

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Já que não convém chamar Protógenes de herói, convenhamos ao menos que sua persistência — e sobrevivência — supera as expectativas mais otimistas. Ele é um sobrevivente! No seu caminho se puseram jornalistas, políticos, magistrados e até policiais federais. A Folha relata hoje confissões que o delegado teria feito a amigos. Ao final da operação, pelo visto, só sobraram críticas. Sintomático, não? Bob Fernandes, como tem sido a regra, registra detalhadamente os apuros em que se meteu o delegado para levar a frente a investigação. Não deixem de ler!

Para quem nunca quis, é preciso desintegrar o delegado, primeiro passo para paralisar o processo. A receita é antiga.

Tem-se a impressão, pelo relato, de que a cúpula da PF age contrariada, como se fizesse o que tem que fazer por obrigação e não por vontade. Como alguém que, por obrigação, tem que prender um amigo. O esvaziamento é referência corrente, desde o primeiro texto que deu conta das intrigas internas da PF, no Terra Magazine. Os documentos permanecem intocados, como se não pudessem conter a chave para o caso.

Mas não, herói não, não. Cumpriu sua obrigação e pronto! Quem no lugar dele não teria feito o mesmo? — A cúpula da Polícia Federal? Mas se é assim, por que Daniel Dantas passou incólume por CPIs e investigações do CVM?

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Perto das eleições de 2006, quando as fotos do “dossiê contra políticos do PSDB” vazaram, não lembro de nenhuma veemente crítica à especularização do episódio. Duas palavras que definem a posição da imprensa: disparidade e parcialidade. Sem essas variáveis nenhuma análise política honesta pode se realizar.

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