Nada contra a necessária presença policial. A abordagem é que falhou, como caso do menino João Roberto. Os tiros disparados pelos criminosos não são licenças para atirar — nem para matar. Para o policial o tiro deve ser parte de uma ação organizada, com a finalidade primeira de imobilizar o criminoso, de desarticular a fuga ou a atividade. Em algumas circunstâncias, admite-se que o policial mate o criminoso ou dispare para matar. Mesmo assim, abstratamente falando, a morte não deve ser uma espécie de vingança pelos tiros disparados. No caso concreto a coisa fica ainda mais absurda. Os policiais identificam uma atitude suspeita e então, a partir da reação dos criminosos, decidem que devem não só atirar mas atirar para matar — sem que tenham conhecimento da situação. Atiram e depois avaliam a circunstância. Decidem e depois pagam o preço. Nesse caso, nem isso, pois eles não foram indiciados! Não é de surpreender que a violência grasse sem pudores por aquelas searas, na presença de tamanha incompetência. Lamentável para as pessoas que ficam entre tiros disparados estupidamente ora por bandidos, ora por autoridades policiais.
O mais recente deslize da polícia do Rio de Janeiro revela que a incompetência não se restringe aos níveis mais baixos da hierarquia policial. O Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, assim com fez mais cedo o relações-públicas da Polícia Militar, o coronel Rogério Leitão, declarou que os policiais agiram corretamente.