Estou em dívida com meus leitores. Os compromissos exigiram o sacrifício de toda leitura e produção alternativa. Perdoem-me! Pra que vocês façam uma imagem, meu agregador já conta 3 mil feeds acumulados, há semanas não abro um jornal, eletrônico ou impresso. Deixei uma discussão saudável com Bruno Garschagen e as outras possíveis com tantos outros blogs que eu frequento. Infelizmente, por ora, este quadro é fixo.
O poema abaixo foi enviado por uma amiga. O olhar clínico da amizade sabe o momento exato das palavras, dos poemas.. É incrível!
Quanto mais eu leio Drummond, mais sinto que me faltam coisas a ler. Impressiona!
Carlos, sossegue, o amoré isso que você está vendo:hoje beija, amanhã não beija,depois de amanhã é domingoe segunda-feira ninguém sabeo que será.Inútil você resistirou mesmo suicidar-se.Não se mate, oh não se mate,reserve-se todo paraas bodas que ninguém sabequando virãose é que virão.O amor, Carlos, você é telúrico,a noite passou em você,e os recalques se sublimando,lá dentro um barulho inefável,rezas,vitrolas,santos que se persignam,anúncios do melhor sabão,barulhos que ninguém sabede que, pra quêEntretanto você caminhamelancólico e vertical.Você é a palmeira, você é o gritoque ninguém ouviu no teatroe as luzes todas se apagam.O amor no escuro, não no claro,é sempre triste, meu filho Carlos,mas não diga nada a ninguém,ninguém sabe nem saberá.Carlos Drummond de Andrade