O problema do futebol brasileiro é a corporativismo. Dunga é um corporativista, se ele pudesse escalaria 11 Gilbertos Silva e, assim, honraria a classe dos cabeças de bagre — classe da qual o nosso técnico sempre foi um membro ilustre. Diante da impossibilidade de realizar esse sonho ele escala religiosamente em todo jogo três sujeitos com fortes características defensivas. Na maioria das vezes temos o seguinte naipe: Gilberto Silva, Josué, Mineiro e Julio Baptista. É um açougue! Mas Dunga não é o único culpado, têm culpa tambem os jornalistas que silenciam misteriosamente diante desse festival de incompetência. Daí, quando os grandes eventos acontecem, para se verem livres da responsabilidade por não ter percebido o óbvio, eles, os jornalistas, tratam de encontrar um bode expiatório — como foi Ronaldo na Copa passada. Ganhar dinheiro assim é facil!
Façam-me uma garapa! Renato Gaúcho para técnico da seleçao, eu exijo! Se é pra colocar um técnico relativamente inexperiente — e olha que Dunga é totalmente inexperiente e Renato Gaúcho não — ao menos escolhamos alguém com personalidade e que foi um jogador, no mínimo, competente.
Antes de comentar essa partida vexatória, permitam uma nota: é preciso assumir as limitações, ou nós não temos jogadores qualificados para realizar a função defensiva ou nós temos, não dá pra ficar encenando. Se tivermos, caralho!, vamos tirar uma merda de um desses filhos da p*** do meio de campo — por exemplo, Gilberto Silva. O time começa com Elano, Gilberto Silva e Anderson, na frente Robinho, Pato e Adriano. Quem arma nesse time? Robinho. Bem, ele pode, tem competência pra isso. Pato também pode voltar ou encostar nas pontas. Mas é função deles ou esse é um time capenga e mal escalado? No intervalo, não contente com as trapalhadas iniciais, ele coloca Diego no lugar de Pato e Maicon no lugar de Daniel Alves. Vamos lá: o que ele pretendia com isso? Será que ele imaginou que o problema da seleção envolvia os atacantes? Claro que não, o time não conseguia criar, mas, conservador como é, preferiu sacrificar o pobre do Pato, que jogava até razoavelmente — mas que é um jogador destacado e criativo. Gilberto Silva, essa peça fundamental no esquema Dunga, intocável. Daniel Alves que, com todas as suas limitações, apoiou o ataque mais vezes do que Gilberto, foi substituído. Gilberto Silva pediu para ser substituído (porque eu nem cogito a possibilidade dele ser substituído por outra razão) e em seu lugar entrou Josué, esse primor na armação. Às custas de Robinho e Diego o Brasil tentava elaborar jogadas, mas seguia visivelmente limitado pelos seus velhos fantasmas. Depois o mestre Dunga ainda tirou Adriano — na certa porque o problema não era a incapacidade para criar, mas incompetência para converter as centenas de chances criadas — e colocou Luis Fabiano, e ainda trocou Elano por Mineiro — nesse momento ouvi o comentário de Galvão Bueno que dizia estranhar porque o meio de campo estava demasiadamente ofensivo com Anderson, Josué e Elano. Só tive tempo de erguer as mãos pro céu e implorar a Deus que me levasse ou que matasse Galvão Bueno, porque nossa coexistência parecia um grande crime lógico. Inês já estava morta quando ele sacramentou a lógica de lesma e sacou Anderson, pobre coitado, eliminado pela entrada de Mineiro, para colocar o sempre apático Rafael Sóbis — confirmand a minha idéia de que ele estava assistindo um jogo diferente.
Como se não bastasse a obviedade patente há séculos de que nos faltam jogadores de armação, é preciso mesmo insistir nesse esquema burocrático e pesado com três barreiras no meio de campo? Pois não me venham dizer que Elano é jogar de armação que eu mando vocês.. mandem ele de volta pro Santos, porque na seleção ele é apenas alguém melhor que Gilberto Silva. Anderson, felizmente, foi a única coisa boa do jogo. Salvo, é claro, Robinho e Diego, cuja dúvida sobre a titularidade conjugada só paira na seleção desse demente. Anderson mostrou que é um único que efetivamente merece permanecer no meio de campo, desarmou, armou, correu. Uma defesa bem postada, laterais que saibam defender, Anderson e Josué. Pronto! O resto é treino e matar Julio Baptista.
Assistir um jogo de uma equipe comandada por Dunga com a narração de Galvão Bueno e os comentários de Falcão, PUTA QUE PARIU, é uma espécie sofisticadíssima de masoquismo! Agora, anotem minhas palavras e vejam se esse esquema retranqueiro e conservador não vai nos render problemas mais à frente. Perdoem as más palavras, é que, porra, o sangue sobe quando a gente contempla tanta incompetência bem remunerada!