Quando falamos em política, em geral somos constrangidos por um senso de dever. Uma dimensão moral e normativa guia nossas ações e pensamentos, e se não a escutamos nem agimos de acordo com as suas instruções sentimos culpa. O dever é forte em quem tem consciência, ele pode nos transformar em escravos da culpa. O dever é uma forma de vínculo, um compromisso que nos amarra uns aos outros.
Mas há outras formas de política, outras formas de vínculo que não colocam a responsabilidade como fator central. O amor não é um compromisso, não é um dever, é uma escolha. O que se forma pelo amor são laços, laços que muitas vezes implicam algo tão forte quanto um dever, tão forte quanto o mandamento de um dever e que comanda nossa agência, mas sem o travo da culpa. O que separa o amor do dever é que no dever o que nos compele é espaço normativo determinado pela lei, a compulsão do amor é sentimental, é espiritual, nós (agimos && reagimos)
porque sentimos que também somos aqueles que amamos. Amar é sentir o outro como a si mesmo, é aperfeiçoar essa capacidade de sentir o outro como a si mesmo, como se o habitasse.